domingo, 20 de setembro de 2009

Homenagem aos mestres reúne cerca de 200 pessoas no Setor Pedro Ludovico







A caminhada do Afoxé Asé Omo Odé, realizada neste último sábado, dia 19, reuniu várias de casas de Candomblé e Umbanda, grupos de capoeira, representantes de diversas expressões da cultura afro, estudantes e a comunidade em geral, numa grande celebração que lembrou a história de vida e luta de três importantes mestres da tradição afro-brasileira: Pai João de Abuque, Mestre Bimba e  Mestre Pastinha.

Aproximadamente 200 pessoas participaram desse grande espetáculo que mostrou os ritmos, os movimentos, a musicalidade, as cores e toda beleza e força da cultura e resistência negra, pelas principais ruas do Setor Pedro Ludovico. 










quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Caminhada em Goiânia celebra a história de três mestres da tradição afro-brasileira





Os anciãos têm lugar de destaque na transmissão dos saberes e são expressões vivas da nossa cultura. As histórias de Pai João de Abuque, Mestre Bimba e Mestre Pastinha demonstram muito bem a força desta tradição ancestral e expressam toda a história de resistência do movimento negro. Em homenagem a vida e ao legado destes três importantes mestres, a Associação Cultural e Desportiva de Capoeira Mestre Bimba, por meio do Afoxé Asé Omo Ode, realiza neste sábado (19/09) uma grande caminhada. Formado por representantes de diversas expressões da cultura afro, casas de Candomblé e Umbanda e grupos de Capoeira, o grupo percorre as principais ruas do Setor Pedro Ludovico a partir das 16 horas. Toda comunidade goiana está convidada para participar desta grande celebração.

A caminhada sairá da Casa de Dona Geraldina (Rua 1014, nº 477) e passará pelas ruas 1021, 2º radial, Avenida circular. Depois, seguirá até a Rua 1059, no Setor Pedro Ludovico. “O evento simboliza o resgate da importância da resistência negra, por meio da história desses três grandes mestres, que continuam vivos na memória, na religiosidade e na cultura afro-brasileira” afirma Mestre Luizinho, filho de Mestre Bimba, ogã do Ilé Ibá Ibo Mim e organizador da caminhada.
 
Mestres da resistência 

Criado por Pai João de Abuque na década de 90, o Afoxé Asè Omo Odé levou para o carnaval de Goiânia nos três anos seguintes, a beleza da indumentária, a diversidade de ritmo e a fascinante musicalidade da cultura afro-brasileira. Uma iniciativa desse homem simples e sempre sorridente, considerado o mais antigo babalorixá de Goiás. Nascido em Juazeiro, na Bahia, chegou em Goiás na década de 60, enfrentou a perseguição da polícia, mas conseguiu abrir sua casa, o Ilé Ibá Ibo Min. Ao falecer em setembro de 2006, Pai João de Abuque tornou-se o primeiro ancestral do candomblé goiano.
Mestre Bimba
O atual reconhecimento da capoeira como patrimônio cultural imaterial deve muito a Manoel dos Reis Machado, mais conhecido como Mestre Bimba. Negro, alto, mandingueiro, Bimba enfrentou nos anos 30 a perseguição e o preconceito contra a capoeira, transformando-a em uma arte educativa: tornou a movimentação da capoeira mais ofensiva, recriou golpes, puxou o toque para frente. Segundo o comunicólogo e também seu aluno, Muniz Sodré, Mestre Bimba fez “uma reinterpretação marcial do jogo, buscando sua legalização na sociedade baiana”, por isso é considerado o grande criador da capoeira regional.

Mestre Pastinha
Outro importante mestre é Joaquim Ferreira Pastinha, ou simplesmente Mestre Pastinha. Sábio e estrategista, ele soube aliar a necessidade de reconhecimento da capoeira como uma prática cultural e os valores da tradição africana, para construir uma nova consciência, baseada no lúdico, na teatralidade, no companheirismo e no respeito ao ser humano.

 “Eles possuem a sabedoria daqueles que são capazes de criar a partir da necessidade, da carência - seja de recursos ou de conhecimentos. Reinventaram sentidos e significados que os ajudaram a lidar com a realidade em que viveram. Por isso, a vida desses três homens demonstra a força dos mestres na tradição afro-brasileira”, acrescenta Mestre Luizinho.

A Associação 

Criada em 1999, por Luís Lopes Machado, filho caçula de Mestre Bimba, a Associação Desportiva e Cultural de Capoeira Mestre Bimba  tem com objetivo preservar o legado de seu pai. E assim, atua no ensino e apresentações de Capoeira Regional em escolas de Goiânia e cidades do interior; produção de espetáculos, atividades culturais e religiosas afro-brasileiras, como o afoxé, o samba-de-roda, o maculelê e a puxada-de-rede.

Para a realização desta Caminhada, a Associação tem como parceiros a Belcar Caminhões e Secretaria de Estado de Políticas Públicas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), Assessoria Especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Goiânia e OlhO Comunicação Estratégica.

Afoxés 

Mais conhecidos como “candomblé de rua”, os afoxés reúnem no carnaval adeptos da tradição dos orixás, que ao som percussivo dos instrumentos de origem africana, como atabaques, agogôs e xequerês apresentam cantos, danças, cores, ritmos e alegorias dessa religião. No dia 13 de maio de 2008, filhos e netos-de-santo de Pai João de Abuque organizaram a reconstituição do Afoxé Asè Omo Odé em um cortejo pela Avenida Goiás, que reuniu representantes de várias casas de culto afro e grupos de capoeira em uma manifestação de protesto contra a condição da população afrodescendente no país, mesmo após 120 anos de abolição da escravatura. Desde então, sob a coordenação de Mestre Luizinho, o Afoxé tem divulgado em eventos, como o carnaval de Goiânia em 2009, os ritmos e movimentos dessa religiosidade de matriz africana. 

Caminhada em homenagem aos mestres da tradição afro-brasileira
Data:
19 de setembro
Horário:
16 horas
Percurso:
Saída da Casa de Dona Geraldina, na rua 1014, n.477 (próximo à Praça de Esportes) até o Ilé Ibá Ibo Mim, na rua 1059, no Setor Pedro Ludovico.
Mais Informações:
Ceiça Ferreira (62) 8191-2122 / Janaína Gomes (62) 8419-2739


Afoxé Asé Omo Odé: a cultura afro-brasileira na rua


Afoxé: a meditação de rua da nossa gente
Gilberto Gil

O Afoxé é um cortejo de rua vinculado a uma casa de Candomblé, religião de matriz africana recriada no Brasil. O primeiro grupo a apresentar publicamente os cortejos do Afoxé no país, tem seu registro datado há mais de um século, na cidade de Salvador-BA. Já no século XX, o Afoxé começa a participar definitivamente do carnaval baiano, trazendo em suas apresentações, elementos relativos aos orixás. A partir daí, outras cidades como Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro, dentre outras, também incorporaram afoxés em suas atividades culturais.


Na cidade de Goiânia essa modalidade cultural aparece recentemente. O Candomblé em Goiás tem sua fundação na década de 1970. Por conseguinte, o Afoxé passa a se mostrar no espaço urbano da capital somente no inicio da década de 1990, idealizado pelo pai-de-santo João de Abuque, pioneiro do Candomblé em Goiânia, juntamente com outras lideranças da cultura afro-brasileira na cidade.




Sua primeira aparição ao público goianiense se deu no ano de 1991, no carnaval realizado pela prefeitura ao lado da rodoviária de Goiânia. Nos dois anos seguintes, no mesmo local e fazendo o mesmo trajeto, o grupo novamente participou dos carnavais.

No ano de 2008, por iniciativa do território-terreiro Ilê Asé Iba Ibomin, o Afoxé, com a direção do ogã Mestre Luizinho, retornou às suas atividades festivas nas ruas de Goiânia, comandando uma caminhada da Praça do Trabalhador até a Praça Cívica, em rememoração ao dia 13 de maio. Essa manifestação contou com a participação de vários grupos culturais afro-brasileiros e do movimento negro. No ano de 2009, o Afoxé Asé Omo Odé apresentou-se no Centro Cultural Martim Cererê no “Tributo a Clara Nunes” e na abertura do desfile das escolas de samba do carnaval goianiense.




Afoxé de Goiânia é regido pelo orixá Oxossi, protetor dos caçadores, das matas e, portanto, do ambiente. Todos os que participam do grupo, independente de fazer ou não parte do Candomblé, recebem a proteção desta e de outras divindades africanas.



O Afoxé Asé Omo Odé é o Candomblé e a cultura afro-brasileira na rua. As ruas no espaço urbano de Goiânia se fazem como palcos da vida, locais aonde esse grupo vai desenhando o negro, o branco e colorido de sua história cultural. A rua é, então assim, para o Afoxé uma extensão do território-terreiro, pois ali no momento do desfile grande parte dos integrantes aproveita para cantar, brincar e dançar em homenagem aos orixás.


José Paulo Teixeira – Geógrafo e Mestre em geografia – LaGENTE/IESA/UFG
Alex Ratts – Antropólogo e geógrafo – LaGENTE/IESA/UFG

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Afoxé Asè Omo Odé no Carnaval de Goiânia



Em continuidade ao trabalho desenvolvido por seu fundador, Pai João de Abuque, o Afoxé Asé Omo Odé  marcou presença na terceira noite do carnaval de rua de Goiânia, realizado no dia 23 de fevereiro, na Avenida Araguaia, ao lado do Parque Mutirama. 

A beleza e pluralidade da cultura e religiosidade afro-brasileira foi apresentada nesse espetáculo de música e dança, que reuniu adeptos de várias casas de Candomblé e Umbanda da capital e também Aparecida de Goiânia.