sábado, 5 de maio de 2012

A força e a magia ancestral da congada




                                                   Ceiça Ferreira* 



No próximo domingo, 13 de maio, dias das mães, às 9 horas, a Igreja Matriz de Campinas e também as ruas da histórica campininha ficarão ainda mais bonitas, e sem dúvida, muito mais alegres. Pois celebrando uma tradição que há mais de seis décadas existe em Goiânia, a irmandade da Vila Santa Helena e a irmandade 13 de Maio, juntamente com vários ternos, catupés e moçambiques levarão suas cores, ritmos, cantos e louvores para esse grande Encontro das Congadas, que homenageia Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, e também revela a força ancestral da cultura afro-brasileira.

Unindo anciãos e anciãs, jovens, crianças, homens e mulheres, os grupos de congada destacam a diversidade, não apenas na riqueza de seus ritmos, indumentárias e estilos, mas no caráter plural desta instituição que agrega aqueles e aquelas que têm em comum a devoção aos santos católicos e também o desejo de manter viva essa tradição, de dar continuidade ao que é ensinado por nossos mestres e mestras.

E é exatamente o desejo e a fé que move congadeiros e congadeiras, visto que durante todo o ano eles se preparam para essa festa, articulam apoios e mobilizam toda a comunidade na organização das Congadas. E desde as novenas em louvor a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, os momentos festivos, as procissões nos bairros e o grande cortejo pelas ruas de Campinas, tudo isso é feito com um esmero absoluto de quem deseja dar o melhor de si, isso a cada ano, porque a festa é um momento ímpar, de celebração, e principalmente de orgulho.

Nesse dia, homens e mulheres negras se tornam capitães, reis, rainhas e princesas do Congo, se mostram, e de cabeça erguida rompem as barreiras, do espaço urbano, do racismo e da indiferença, cantam e dançam, e mesmo debaixo de um sol escaldante se mantém fortes, festejam sua fé e sua alegria de viver.

Essa força ancestral se expressa nos braços de quem faz o toque das caixas de congo, na regência dos capitães, no som da sanfona. E lembrando o papel fundamental das matriarcas e congadeiras, destaco o quanto feminino se faz presente no Congado, seja na delicadeza dos passos das bandeirinhas, no bailado de rainhas e princesas, e também em postos antes nunca ocupados por mulheres, na Congada Irmandade 13 de maio, temos Cristina, única tocadora de caixa; e também a jovem Vilmara, que pelo segundo ano tocará sanfona, assumindo a função que era do avô, seu Onofre (Fundador desta irmandade).

Impossível não lembrar das fardas dos congos, catupés e moçambiques, tão caprichosamente preparadas, tão cheias de detalhes, cores, estampas, fitas e adereços. Ao vestir a farda, congadeiros e congadeiras se unem em um mesmo propósito, ficam imponentes, exuberantes, valentes. É essa coragem que os ajuda a enfrentar os desafios que encontram pelo caminho e os mantém nessa tradição, convictos de sua crença, e do seu respeito que devem aos antepassados (nossas raízes) e a todos/as que fazem com que essa festa se realize e se fortaleça.

Encontro das Congadas de Goiânia
Domigo (13 de maio), às 9 horas, na Igreja Matriz de Campinas
  
Fotos: Mário Souza e Dalton Paula

                                              



*Ceiça Ferreira é jornalista, doutoranda em Comunicação na Universidade de Brasília (UnB), e desenvolve atividades com mídia, culturas negras e comunicação em movimentos sociais. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário